quarta-feira, novembro 07, 2012

Tu

O dia em que nasceste foi o dia mais importante da minha vida. Foi o dia em que percebi que a vida faz sentido. A tua mãe tinha acabado de te ter parido, após cesariana, quando tu chegaste à incubadora. Eras uma criatura nova neste nosso mundo, completamente indefesa e sem o minímo conhecimento do que se passava à tua volta. Fui-me chegando a passos largos para ti enquanto tu me fixavas, pelo menos quero acreditar que sim, e não conseguia ter reacção a nada. Ia caminhando, mas paralisado no teu olhar. Finalmente, depois de uma eternidade para chegar ao pé de ti, dei-te o meu dedo e tu logo o apertaste enchendo o meu corpo de adrenalina, o coração a mil à hora e os pensamentos iam sendo cada vez mais chegando a um ponto em que estava tão baralhado e com medo que tive que pedir ao Enfermeiro para te levantar e te colocar no meu braço. Abri os braços e coubeste à primeira, encaixada com um lado da cara no meu antebraço e o outro lado virado para mim. Sentia o bater do teu coração, sentia o meu coração e batiam os dois aceleradamente. Continuavas-me a fixar, com um olhar penetrante e duvidoso ao mesmo tempo.

Depois desses segundos eternos a vida foi seguindo o seu rumo. Tu foste crescendo. O primeiro gatinhar, o primeiro andar, a primeira palavra. Tudo era novo para ti e para mim. Não consigo deixar de pensar em ti, quando vou estar contigo, quando vou ouvir a tua voz, ver o teu sorriso. Só quero estar contigo. Sinto que és parte de mim mas sei que te tenho que te dar liberdade. Liberdade para caires e levantar, para correres na relva, para subires as escadas, para enfrentares o mar e mais que tudo liberdade para seres tu. Tentarei sempre que sejas livre, que te sintas livre.

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